(...) — A ausência das folhas do diário é a prova de que alguém queria algo que o professor descobriu – concluiu Dimas.
— Esperem, ainda temos as anotações do professor para analisar – argumentou Tobias trazendo alguns papéis da mesa do professor Lourenço.
— Explique-se melhor – solicitaram os demais.
Tobias iniciou sua explicação pegando o material de pesquisa do professor:
— São sobre anemófilas hermafroditas. Notem que, na primeira fileira desta folha, existe um pequeno botão de uma flor. Ela contém, dentro de si, três pequenas hastes similares a fios, que ficam protegidas por folhas das pétalas transformadas. No total, existem seis dessas folhas unidas por uma espécie de cola. De manhã, quando o orvalho surge, a cola acaba sendo dissolvida por ele e, por volta das seis horas e vinte minutos, as flores se abrem.
— Mas o que há de especial nisso tudo? – inquiriu Márcia enquanto puxava uma cadeira para se sentar próximo a uma janela de onde podia acompanhar qualquer movimento externo.
Tobias puxou outra cadeira, colocou-a de frente para Márcia, com as costas da cadeira viradas para a jovem, sentou-se de pernas abertas, apoiando seus cotovelos no encosto da cadeira e prosseguiu:
— Após a flor se abrir, os filamentos saem, absorvem a cola e triplicam seu comprimento em apenas quinze minutos.
— Nossa! Tão rápido? – questionou Marcos ao observar o esquema montado pelo professor Lourenço.
— Exato, – completou Tobias – e, após atingirem o tamanho certo, liberam o pólen por suas extremidades pendentes. Nesse instante, a flor está atuando como masculina.
— Então, de um modo geral, podemos dizer que o pólen comporta-se como um espermatozoide? – argumentou Claudia em meio aos seus tubos de ensaio.
— Digamos que sim, mas pela função e não pelo comportamento – salientou o jovem que continuou a narrativa – Ao despejar o pólen, a flor perde sua função masculina, os filamentos são recolhidos e um hormônio faz com que um óvulo contido no interior da flor emirja.
Após vinte minutos, a flor se abre plenamente, projetando cerdas que lembram uma escova de suas folhas adaptadas. Nesse momento, a flor estará pronta para ser fecundada.
— Eu hein! – exclamou Dimas, reprovando o comportamento da flor – Eu é que não queria ser grama de forma nenhuma! Mas aposto que muita gente, quando souber disso, sairá fantasiada de anemófila hermafrodita no próximo carnaval!
Os jovens riram do comentário do colega. Márcia, ao se refazer dos risos, perguntou a Tobias:
— Mas, por que as outras folhas da pesquisa trazem as mesmas informações?
— É verdade, por que o professor repetiu o esquema do ciclo por uma semana? – questionou Tobias.
— Talvez ele quisesse confirmar algo. – sugeriu Cláudia.
— Esperem. Existe um erro aqui que o professor jamais cometeria! – comentou Tobias– A data é de domingo, mas o horário não condiz com a realidade!
— Como é que é? – replicou Dimas, confuso com a situação. (...)
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